Estudante
Há alguns anos que ocorreram os fatos que vou relatar.Começava-se um novo curso na universidade de Sevilla. Estudava segundo de psicologia.Las classes eram ministradas em um magnífico edificio do centro da cidade, a antiga Fábrica de Tabaco. Se haviam adaptado as diferentes salas como aulas, onde se ministravam Direito, Física, História, etc. E Psicologia.Tenho que esclarecer que naquela época, não havia faculdade de Psicologia em Sevilha. Eu tive que me matricular na de Filosofia e Ciências da Educação, secção de Psicologia.
Partiu desde o povo onde cresci, distante cem quilómetros de Sevilha na Serra Norte. A estrada, mais que unir, separava as cidades. Curvas e mais curvas, a faziam impraticável. Para empeorar a situação estavam em obras, levavam assim anos. Havia que pensá-la para se deslocar.Meus padrastros desfrutavam de uma confortável posição econômica, o que me facilitou as coisas; sem pensar muito, compraram um apartamento com três quartos, dois banhos, cozinha, sala e terraço-lavabo, em Sevilha, no bairro de São Bernardo, para que eu não tivesse problemas de alojamento durante os estudos. Quando terminasse, ver-se-ia o que se fazia com a propriedade. De qualquer modo, parecia uma boa inversão, dado o baixo preço que pagaram. Desde onde vivia até a universidade havia apenas um passeio.Era eu em meu apartamento; tinha os móveis essenciais, mas suficientespara mim. Uma mulher, amiga da minha mãe, fazia a limpeza dois ou três vezes por semana e preparava comida, que guardava no frigorífico, para que não tivessemos que esquentá-la.Sabia a comida que me deixava Remedios, Reme, era boa; pela manhã desayunava nos bares, bem da universidade ou um perto de minha casa.Assim começou minha história.Um solitário sábado pela manhã, em outubro, sem aula, pois se iam de segunda-feira a quinta-feira; sentei-me num banco na porta do bar próximo à minha casa para almoecer.Esperava o garçom, enquanto lia o plano do curso em algumas cópias, quando observei uma mulher... Bufff... Que mulher! Uns trinta e tantos anos, muito linda, loira natural. Vestia um terno chaqueta cor bege com uma saia ceada que deixava à vista as pernas mais bonitas que jamais havia contemplado, envoltas em meias cor carne e sapatos de salão marron claro.O que me produziu um arrepio foi uns lindos olhos verdes que eu pude ver quando ele tirou as óculos de sol e... me olhou...Que cara seria a que me viu, minha mandíbula deslizou-se, a boca entreabriu-se como um bobo. E sorriu... Deus... qual sorrisa! Uns lábios carnudos, pareciam pintados por um artista, uns dentes como pérolas...Turbar pela imagem, caíram-me os papéis das mãos e eu me ajoelhei no chão para os recolher. Mas... não podia afastar os meus olhos dos seus... Estava encantado.Suponho que à mulher fez muita graça minha torpeza e a impressão que eu causava presença.Peromayor foi minha perturbação quando se levantou, se aproximou, se agachou diante de mim e me ajudou a recolher os folhos. —Olá, posso ajudar-te? —Disse, com uma voz que me soava um canto de anjo. —Hola, eu... eu... Sou Eduardo. —E me deu a mão...Ela e eu, Marta - sua sonrisa, sua mão na minha mão...Creio que morri, a cabeça me zumbava. A mulher ao ver minha cara se assustou. Me ajudou a sentar-me e terminou de recolher os folios espalhados e colocou-os sobre a mesa. Sentou-se ao meu lado e levantou a minha cara segurando minha barba.---Você está bem? ---Perguntou preocupada.Sssii... estou bem, não sei o que me aconteceu...Calma, você provavelmente está com um tonteão por uma queda de glicose. Certamente não jantou ou esteve em bares... -Dizia enquanto eu a olhavaChamou a atenção do garçom que veio rapidamente.Despeça-te e vais ver como se te vai passar. - Dirigindo-se ao garçom ordenou torradas com azeite, presunto e café com leite para dois.Não se incomode... Não sei o que me aconteceu... Foi ao vê-la a você...Depois de dizer isso eu queria morrer. O que ele pensaria de mim?Ah... não pensei que pudesse causar tamanho impacto em um jovem...O camareiro com o pedido interrompeu o momento. Já à frente dos pratos e xícaros eu não me atrevia a olhar para ela. Novamente ela levantou minha barba e me olhou nos olhos.Você sabe que você é muito bonito? Aquilo acabou com a pouca firmeza que me restava. Por que me olhavas assim? Você gosta de mim?Eu... Bem... verá, não quis ofendê-la. É que...Calma, Edu... Posso chamá-lo assim? Não só não me ofende, me lisonjeia. Que um menino tão jovem e bonito como você se importe com uma mulher da minha idade...Ssei, em casa me chamam Edu, eu... É você muito linda! Me impressionou vê-la! Não sou assim...! Desculpe! -Disse balbuciantendo.Como assim? Diz, como és? —Sus perguntas e sua perpétua sorrisa me tinham hechizado. —Bom, contas-me isso... Agora, como que as tostadas esfriam-se.Alo longe da comida não podia deixar de olhar para ela, mas ao tempo me envergonhava e desviava meu olhar quando seus olhos me atravessavam. Estava cada vez mais ligado.Onde vivis? —Perguntou, com sua doce voz.Aqui perto, em um apartamento. —Respondo—Você está com os seus pais?Não... só. Meus pais moram no povo; eu estou estudando, por isso vivo aqui.Bem Edu... Eu vivo aqui perto também, com uma amiga. Já nos veremos—Ligou ao camareiro, pagou, tentei pagar mas não me deixou, virou-se e beijou-me, na comissura da minha boca.Era um arrepios, foi uma descarga elétrica. Como um chicote que percorreu minha coluna vertebral e eriçou o cabelo na nuca. Mas o curioso é que, aparentemente, ela também sentiu... Se afastou apoie suas mãos em meu peito e me olhou fixamente...O que aconteceu com você, Edu? Pergunto surpreendida.Não sei, Marta, haverá sido uma descarga de eletricidade estática... Às vezes isso ocorre... —Tentei explicar.É a minha primeira vez... Por acaso... O que você vai fazer hoje? —A pergunta me surpreendeu.Não sei... Nada... —Respondeu.Vamos dar um passeio? Levo só três dias em Sevilha e não a conheço. Queres ser minha guia? —Não podia crer, meu sonho feito realidade.Sim... prazer! Meu entusiasmo fez-a rir.E que risa... Soava como água caindo entre pedras de um ribeiro, franca, limpa... Sincera. Nós nos pusemos em marcha na direção dos jardins de Murillo.Nós nos observamos a mirada de inveja do garçom.Rir enquanto caminhávamos foi muito agradável. Interessou-se por minha vida, como era meu povo, as costumes... Seu sotaque não era andaluz, falava muito bem, sem cortesias nas palavras, realçando as sílabas.Quem você é? Perguntei.Nasci em Salamanca, mas vivo desde muito pequena em Madri.O que você faz? —Minha pergunta o surpreendeu.Olhou para o chão, levantei a vista, olhando para frente, como se esquivasse meus olhos.Agora em nada, vim para Sevilha ver se encontro trabalho... Sou cabeleireira... Esteticista. Estou com uma amiga que trabalha em uma salão de beleza e vai tentar que me deem trabalho. - A resposta parecia pouco convincente, seu linguagem corporal contradizia suas palavras.Seguimos passeando pelo bairro de Santa Cruz; eu tentava explicar-lhe o pouco que sabia da cidade, pois também levava pouco tempo aqui, mas gostava passear, falar com as pessoas nos bares, seguir as guias turísticas e assim aprendia algo.Fez-se que se fixasse naquela que eu chamo “A grade impossível”. Está na Praça Alfarosquina com Lope de Rueda. A grade, é uma janela a um metro e meio do solo da rua e que tem os barrados entrelaçados em uma bela filigrana.Chegamos à rua e ao lado da catedral e com ela a torre da Giralda, belo monumento que foi minarete de origem árabe, do final do S-XII, e toma seu nome da pequena estátua de bronze, o Giraldillo, que a coroa e Gira. Com seus 104,1 metros de altura, foi, durante muitos anos, a torre mais alta da Europa. Semelhante à Koutubia de Marrakech.Era uma tarde, levei Marta para os bares de tapas, disse que não bebia álcool, apenas refrescos, tônica; eu tomava cerveja. Propôs que comêssemos em algum restaurante com a condição de que era ela quem pagava. Não era habitual, nessa época, que as mulheres corrissem com os gastos.Se você não me deixar pagar por mim eu vou embora. —A resolução me deixou sem argumentos e aceitei.Apos a refeição, continuamos a caminhar pelas ruas do centro histórico, caminho para casa. Eu não queria que isso acabasse assim, mas não encontrava jeito de continuar ao seu lado...Edu... Você tem café em sua casa? —Deu-me um volta o coração.Ah... é claro que sim! —Novamente meu balbucio provocou a risada cantante de Marta.Ela também queria continuar comigo! Não cabia em mim de alegria!Continuamos a conversar sobre coisas sem importância até chegar ao meu apartamento. Mostrei-o, demos uma volta e fui para a cozinha. Preparei a cafeteira e pus-la na chama. Com o café fresco, as xícaras e o açúcar voltamos ao salão.O que você acha disto? —Perguntei inocentemente.Está bem... Mas nota-se a falta de uma mão feminina. Você consegue sozinho?O que eu estava perguntando? Como eu me dava conta? Não quis pensar mais nisso e interpretei como 'as coisas de casa'... —Bomooo... Uma mulher, amiga da minha mãe vem dois dias por semana e limpa, lava e faz a comida que guarda no frigorífico...Então... Não fazes nada em tua casa...Não, só estudo... Normalmente não tenho muito tempo, sobretudo em período de provas.Você tem namorada? Gosta de alguma garota? Um rapaz bonito e forte como você deve ter as suas em punho... - A pergunta me surpreendeu.Não, não tenho namorada. Na faculdade quase tudo são meninas, mas a mim não me interessa nenhuma... Até hoje... Ao conhecê-la, eu...Como é que eu disse isso? E se se ofendesse? E se fosse embora?Edu, eu gosto de ti... Mas não gostaria de te fazer mal. Sou muito mais velha que você, tenho uma vida passada e você é muito jovem com um grande futuro à frente...Me aproximei a ela e, num arranque de valor, agarrei suas mãos, puxei-a para si e beijei sua boca... Foi um breve contato dos meus lábios com os seus. A tepidez, a suavidade, o aroma a perfume que desprendia... Me incendiava, me inflamava... Me afastei e a encarei fixamente nos olhos... E sorriu... Entreabriu os lábios e fechou os olhos.Beijei, devorei aquela boca que me atraía com uma força irresistível... Caímos sobre o sofá, abraçados em uma loucura de carícias, beijos... Não podia crer que tivesse entre os meus braços aquela preciosidade de mulher... Sua boca era mel para mim, supia, de uma finura excepcional, mas sobretudo, seu cheiro... O aroma que desprendia... Não era perfume, pelo menos não só isso, era seu cheiro natural. Pude perceber suas feromonas, era algo maravilloso. Estava muito excitada, mas nada como eu.Em um momento de lucidez se levantou, agarrou minha mão e puxou-me para me levar para o quarto...Desprendeu-se dos sapatos, desabrochou e seguiu a jaqueta, abriu a cremallera da saia e deixou-a cair até os pés... Llevava um conjunto de calcinha e sutiã de cor rosa pálida... ¡Era preciosa! Seguia a sorrir, seus belos olhos fixos nos meus... Girou-se, dando-me as costas. —Desaboto-me, por favor? —Sim, bela era de frente, sua espinha, a suave curva das suas nádegas, os glúteos, eram divinos…Sss... Sim... -Consegui articulá.Desatei o clipe que fechava o sutiã e girou. Suas mãos apreenderam meu rosto e me forçaram a agachar-me, pois ao tirar os sapatos ficou seu rostro quase à altura do meu peito e me beijou...Acariciei seu corpo com medo de fazer-lhe mal, via-a tão suave, tão frágil... Como um boneco de porcelana fina... Mas ela não esteve quieta. Desabotoi minha camisa e as sacou, deixando meu torso nu... Ela o acariciou e beijou, chupou minhas tétulas... Era um sonho? Sus mãos acariciaram cada milímetro da pele do meu peito, minha cintura, minha espinha com sua boca na minha boca, minhas mãos abraçavam seus preciosos peitos, não muito grandes, mas tumescentes, como os de uma adolescente. Soltei o cinto, desabotoi o botão e a cremallera do calção e puxei até baixá-lo e sacá-lo por meus pés... Ajoelhada à minha frente, acariciou minha virilidade que lutava por escapar de seu encarceramento.Você está muito animado, Edu... Vou ter que fazer alguma coisa porque isso deve doer...—Disse com voz doce e melosa.Quando libertou o preso, encontrou-o na altura da sua boca. Sua língualaranja acariciou o prepúcio, uma gota de líquido pré-seminal surgiu de repente. Apressou-se a lamê-la e saboreá-la...Eu adoro o seu gosto, Edu... Não costumo fazer isso porque não gostei do esperma. Mas, não sei por quê, o seu é... Diferente. E eu gosto...Passou a língua ao longo da minha virilidade, cariciou os testículos... Vi como sacava a língua para se tragar meu pau... Dois, três, quatro vezes no máximo...Não posso mais, Marta! Aparta!Nós não nos separamos, com suas mãos em minhas nádegas impediu que eu me separasse dela. E descarreguei em sua garganta. Tinha que ser demais, porque tentou engolir, mas não podia, tosia e lhe saltaram lágrimas; mas engoliu, relamiou seus lábios, me olhou sorrindo.Desculpe-me Marta, eu avisei! Lamento!Não se sinta, Edu. Eu adoro seus sucos... Gosto de ti... demais. Vem, vamos descansar um pouco.Retirou a colcha e a sabana e estendeu-se na cama...Ajudai-me... Quite as minhas meias, por favor...--- Por favor? Agora mesmo podes pedir-me o que quiseres, sou teu escravo.Sorrisa cristalina inundou a estância. De joelhos, sobre a cama, aos pés, acariciei os membros alabastrinos, com toda a delicadeza de que fui capaz, deslizei as meias até os pés… ¡Que pés! ¡Eram perfeitos! Um após outro os abracei com minhas mãos, os acariciei, beijei... Os dedinhos, tão arredondados, os calcanhares de curvas perfeitas, os tornozelos de uma delicadeza sublime… Meu amigo não podia mais. Acabava de soltar sua carga e já estava preparado para entrar novamente em liza. Mas não queria que aquilo terminasse nunca. Continuei subindo pelas pernas até os membros, de novo.O visconde acariciava seus mamilos, tirou da calcinha até sacá-la pelos pés e eu me quedei extasiado ante a beleza que se me oferecia. Um monte de Vênus pobreado por um vello suave, de um delicado cor de ouro, como seu cabelo. Aproximei meu nariz e percebi um delicioso aroma desconhecido para mim, mas embriagador.Nunca tive experiência alguma com uma mulher. Não sabia o que fazer e ela descobriu-se. Acariciei meu cabelo e me convidou a escorregar sobre seu corpo.Ah, seu namorado está em forma novamente. Que força! — Disse com voz doce.Nossos lábios se fundiram num ardente beijo... Sua mão guiou minha virilidade até sua ardente fenda. Era tão suave, tão quente, tão acolhedora. Teria me quedado ali, sem mexer-me o resto da minha vida. Mas Marta iniciou um cadenciado movimento de quadris que eu adorava. Seus seios no meu peito, suas pernas apertando minhas quadris, acompanhando meus movimentos com seus pés para penetrar até o fundo de sua intimidade...Me afogava o ar, meu peito se enchia mas eu me afogava... Se movia de forma compulsiva, suas cadeiras empurravam as minhas e meu membro se sumia nas profundezas do seu ser. Uma e outra e outra vez. Não deixava de acariciar seu rostro, seu cabelo. A surpreendi hundindo sua narizinha no meu cabelo e aspirando o meu cheiro. Fiz o mesmo, era delicioso. Estava prestes a chegar, se deu conta e pellizcou minhas teta até doer e retrasou minha ejaculação. Jadeava, também lhe faltava ar; me separei apoiando-me nos cotovelos para que não tivesse que carregar o meu peso sobre seu corpo precioso e delicado.Estilha!... Não era uma mulher, era um bicho movendo-se espasmódicamente, arranhando-me a espinha, batendo-me nos ombros. Gritava como possuída por um demônio... Memória dos lábios, as lágrimas corriam pelas suas faces... Os soluços ahogavam. Abriu os braços e durante alguns segundos ficou sem respiração... Eu me assustei. —O que há de errado com você, Marta?! Diga alguma coisa, pelo amor de Deus! —Gritei.Sospeito que as mãos consuraram meu rosto e beijou meus lábios.É a segunda vez, na minha vida, que isso me acontece, Edu. Foi tão intenso que quase não o suporto, eu pensei em morrer. —E começou a chorar...Deite-me na cama, passei meu braço pelo seu dorso e abracei seu corpo... Encosteou sua cabeça no meu ombro. Lento foi se acalmando.É sua primeira vez? —Pergunto com ternura.Sim. Nunca havia visto uma mulher nua... E pergunto-me se és real. Tenho a sensação de viver um sonho do qual, a qualquer momento, vou despertar. Desaparecerás e voltarei a estar só...Não, Edu, não sonhe... Mas o que nos ocorre não é normal... Me sinto ligada às tuas costas desde que te vi no bar. E quando te toquei... Essa descarga, tua voz, teu cheiro... É algo muito estranho, como se eu conhecesse desde sempre. E o pior de tudo é que me lembra a alguém que conheci...Mas o que te está acontecendo... Conta-mo, desabafa... Minha vida... Meu amor... Minha pequena Marta.Separei-me de mim, olhou para mim surpresa.—Por que disse isso?O que eu disse? Minha vida? Meu amor?... Porque eu sinto, Marta. Agora mesmo o mundo, meu mundo gira em torno de ti. Sinto que se você se afastasse de mim... Morreria de dor...foi a frase 'Minha pequena Marta', que me levou para outra época, outro lugar, com outro... Deixei a frase sem concluir - O que eu fiz Edu?... Deus meu, o que eu fiz! Tu e eu... Não podemos... Tenho um passado muito...¿Muito o quê Marta? Seja o que seja... Não me importa... Estás casada? Tens marido e filhos?... Te amo, não me deixes agora que eu encontrei o amor da minha vida. —Aloí minhas palavras sorriu amargamente.Não... Não estou casada, mas tenho, tive um filho. É uma triste história que prefiro esquecer.—Mas eu quero conhecê-la, meu amor. Conta tua história... peço-te que o faças. —A minha expressão fez graça à ele e sorriu.
— Nasceu e cresci em Salamanca. Meu pai era professor na Universidade e minha mãe filha de uma 'família bem' da cidade. Creci entre estudantes. Alguns se alojavam em casa, meus pais alugavam quartos durante o curso, assim ganhavam um sobresalário que, na realidade, não precisavam, pois com seu trabalho e a renda das propriedades herdadas dos meus avós tinham mais do que sobra. Eu tinha quinze anos quando conheci...—As lágrimas acorreram aos seus olhos, cobriu-se a cara com as duas mãos.Entre meus braços, eu esperei em silêncio, até ele se acalmar. Continuou...
--- Como te dizia, tinha quinze anos quando conheci Manu, um rapaz jovem bonito, muito inteligente, segundo dizia meu pai, mas com poucos recursos econômicos. Sua família era muito modesta e acessava os estudos superiores por sua capacidade, baseado em bolsas, que não eram suficientes para manter-se na cidade. Havia trabalhos esporádicos como garçom, pintor de brocha gorda, pedreiro... O aproveitava tudo... Me enamorei, ou isso crei.Con ele tive minha primeira relação, com ele meu primeiro orgasmo, com ele meu primeiro aborto... Os anticoncepcionais estavam proibidos, os condôminos também, não havia falar da pesadelho do aborto. Quando meu pai se enterrou Manu, simplesmente desapareceu. Meu querido pai, o religioso pai, o santurrão pai, me deu uma soberana palmada e me expulsou de casa, dizendo que não queria ver-me nunca mais, que sua filha estava morta e enterrada. Eu me encontrei na rua, sem recursos, com a roupa que eu usava, um pacote que a covarde minha mãe me deu com algo de comida, quatro trapos e algo de dinheiro.Estava a falar com gesto compungido.O recordava doía, mas se refez.
— Fui à estação e comprei um bilhete de trem para Madrid. Lá, após andar pelas ruas, já exausta, entrei em uma igreja e adormeci num banco. Um padre me viu, sentou-se ao meu lado e perguntou o que estava acontecendo e contei-lhe. Não se portou mal, levou-me para sua casa, deu-me comida e um quarto onde dormir aquela noite. Na manhã seguinte, após desjejugar, acompanhou-me a um convento onde me ofereceram ficar até ter meu bebê, em seguida o dariam em adoção se eu não pudesse cuidá-lo. E assim foi, passei os meses que me restavam de gestação e, posteriormente ao parto, ao ver meu filho...—Um soluço quebrou o relato. Abraçou-me e olhou-me nos olhos.Não podia me separar do meu filho. Falei para a freira que tentava convencer-me para que o entregasse; disse-lhe que não, que queria ficar com ele. Creio que me deram algo para dormir e ao acordar, o filho já não estava. Gritei, chorei e protestei, mas tudo foi em vão. Mantiveram-no por um tempo com soníferos... Fui uma má mãe, Edu...! Abandonei meu filho! Nunca soube mais dele.
Tente consolá-la, me partiria o coração ouvir-a, mas intuía que precisava do alívio, precisava falar de fatos tão dolorosos. Já mais calma, continuou.—Apos ter parir, fiquei no convento por anos, estive prestes a tomar os hábitos e me recluir em aquele recanto de paz, mas ainda estava recordando Manu. O que havia sido dele? Me abandonou? Algum vez me amou? Despedi-me com dor das irmãs que haviam sido minhas mães. Cheguei ao convencimento de que não era a ideia, o conceito de Deus, em que cada vez crecia menos. Eram as pessoas que realizavam boas obras, as teriam realizado com ou sem Deus, com ou sem religião. A partir da minha saída do convento as coisas se aceleraram. Fui procurar Manu, não podia esquecê-lo. Em seu povoado, em casa dos pais, descobri que havia sofrido um acidente de carro e morrera três anos atrás. Isso foi outro golpe na minha vida. Regressei a Madrid destrozada. Encontrei trabalho como camareira, mas o dono quis abusar de mim e me defendi. Golpeei-lhe a cabeça com uma garrafa; ele me denunciou por agressão e estive na cadeia dois anos. Quando me deixaram sair, encontrei algumas meninas que se dedicavam à prostituição. Em Echegaray reconheci Marina. Era uma das que haviam estado no convento procurando ajuda médica. Ela me iniciou e me ajudou a integrar-me nesse mundo. Desde então me dedico a isso... É a amiga com quem estou vivendo aqui. Nos transferimos desde Madrid para mudar. Abrir uma peluqueria e deixar essa vida, mas ela não pode deixá-la porque... gosta. Eu já não aguentava.
Estava muito comovido pelo relato. Um nó no meu peito dificultava a respiração. A estrechei entre os meus braços e beijei sua testa.Marta, não sei o que nos reserva o futuro. Mas não posso te deixar ir. Pudesse parecer loucura, mas acredito que me enamorei de ti, quero que fiques comigo, que não continues levando essa vida, que acredito que odeias. Aqui podemos viver os dois até que termine meus estudos, me restam três anos. Meus pais estão bem situados, têm fazendas e um negócio. Podemos viver confortavelmente... Situas queres podemos tentar...Edu, você é um homem bom e eu uma má mulher... Não me convences. Podemos continuar nos seguindo mas...Não, Marta. Não és uma má mulher. És uma mulher valente que enfrentou sérios problemas e saiu adiante. Agora tens de escolher, ou seguir com a vida que levavas ou ficar comigo e mudar definitivamente. Não me importa o que fizeste antes de conhecer-me, só quero que entendas que não podia suportar que estando comigo te acostasses com outros. Isso não, compreende. Tens agora a oportunidade de mudar. Tenha por certo que farei o impossível para fazer-te feliz, mas estando juntos.Sucabeza repousando no meu peito, meus beijos na sua coronilha, o cheiro do seu cabelo. Meu amigo se ergueu roçando a espinha de Marta que entre sorrisos e lágrimas, se revolveu, me empurrou para estender-me de costas e me cavalgou como uma amazona. Não notou necessidade de ajudar com a mão. O tronco entrou sozinho na sua gruta quente. Acaricemos delicados peitos; passava minhas mãos por suas costas, sua cintura, seu ventre. Enquanto ela se movia cadenciamente, num vaivém louco. Adiante, atrás, tênues giros de quadril que me faziam perder a razão. Pellizcava mistelas. Inclinou-se até roçar nossos lábios. Uma batalha de línguas selibrava em nossas bocas.Sensações desconhecidas percorriam meu corpo. Seu rosto refletia paixão, a boca e as saletas de sua naricilla abertas; seus olhos não deixavam de me mirar, às vezes pareciam tristes, outras com luxúria; mas sempre transmitindo-me... amor... Amor verdadeiro...Abrace-me, Edu! Abraça-me forte e não me deixe ir! —Em seguida, profiriu um angustiado grito que ressoou na sala.O corpo se contorcionou, um tremor incontrolável o possuía, boqueava como os peixes quando se lhes saca da água, aspirava ar com dificuldade, os olhos voltos... Abraçava-se a mim como se fosse um salvavidas em um mar embravecido. Nunca meu amor, vamos ficar assim para sempre! Deus, por que não me havia conhecido antes! — Gritei com toda a força dos meus pulmões, um instante antes de inundar minha amada.Sentir meu corpo relaxado sobre o seu era simplesmente... Delicioso. Um sentimento de carinho, de amor, me inundava.Como havia chegado tão fundamente no meu coração? O que estranhos vicínios segue Cupido em suas travessuras?Pouco tempo atrás não a conhecia e agora me sinto incapaz de viver sem ela... Lâncete necessitava...Nós nos demos dormidos após a batalha. Desperté... Ela continuava sobre mim, abraçando-me como se me fosse escapar. Sua respiração pausada sobre meu peito enchia-me de ternura, de amor por ela. Sentia-me na necessidade de protegê-la, cuidá-la... ¡Quanto sofrimento, quanto padecimento! E tudo por intolerância, pela nefasta e equivocada moral que se nos incutiu. Um pai fanático e freiras avariciosas.Despertei, ela me olhou e a sala iluminou-se. Sua sonrisa era contagiosa, ria com a boca, com os olhos, com dois pequenos buracos que se formavam sobre as comissuras dos lábios... Apertei seu corpo com meus braços...Edu, minha vida, você vai me sufocar... Mas não me solte... Beija-me...Nós nos amamos, acariciei seu cabelo, de novo percebi seu cheiro, suave, delicado, mas que exercia um poderoso encantamento que me embriagava, que me possuía.Cariño, não quero fazer-te mal, não quero que tenhas problemas por mim com tua família. Mas a verdade é que nunca me havia ocorrido algo assim. Este sentimento tão forte... Sómente me passou com Manu... Tu me o lembras muito, tens olhos, teu cabelo, teu cheiro... Ainda o recordo apesar dos anos.Não vais fazer mal a mim se vieres viver comigo. Deixa tua vida passada para trás e começamos uma nova jornada. Tens alguma coisa a perder?Para você, minha vida. Se eu sair do seu lado... perco você. Se fico pode que meu passado me faça pagar e perco... Estou feita um lixo... Mas algo tenho claro... Não quero, não posso, separar-me de ti!Passamos a noite juntos, abraçados. Marta se movia, seus sonhos a obrigavam a jadear, emitia lastimosos gemidos, chorava; despertava e a consolava até que se adormecia de novo e outra vez os sonhos inquietos.Despertei-o. Odiu a café. Eu me levantei e fui urinar... Marta estava sentada no vaso sanitário; deu um estremecimento ao me ver.Boa tarde, vá, você me assustou? O que você faz acordada tão cedo? Ainda são as nove e é sábado. Podemos continuar na cama um tempo.Bom dia, Edu... Costumo acordar cedo para sair correr. Mas não tenho roupas e decidi fazer café. Como você está?Eu muito bem, querido. E você? Está passando algo?Não, você... verá, ontem falamos de coisas que... não sei —Sua mirada suplicante me apenava.Marta... Ontem eu pedi, supliquei que você vies morar comigo. Loreafirmo. Quando me acordei e não te vi ao meu lado, deu um vuelco ao meu coração. Achei que havias partido e não voltarias e… não sei o que aconteceu. O cheiro do café e seus ruídos no vaso... Você me ouviu? Que vergonha! —Veronica por quê?, por uns pedacinhos que me soavam música celestial? Tussuiditos me confirmavam que estavas aqui, comigo, que não te havias ido… ¡Tequiero! ¡Quero os seus pedacinhos, os seus tussuiditos, os seus olores! Todos! — Eu me arrodilhei e ela se tapava a cara envergonhada, separei as suas mãos e beijei os seus lábios. Passei uma mão entre suas coxas e acariciei seu tesouro, minha mão ficou molhada e a levei para a minha boca, lambendo-a, cheirando-a, aspirando seus aromas mais íntimos...Mas que guarrete és você Edu! Vou ter que castigá-lo por isso. Anda, sai e chega ao café que não quero que me vejas limpando o traseiro… Me da muito vergonha… ¡Por favor! —Não pude negar-me ao ver sua cara suplicante.Deixei que terminasse de se assear e preparei algumas tostadas com pão de moldura, manteiga, azeite da serra, fatias de presunto feito em casa e café.Quando apareceu, recentemente banhada, com o cabelo revoltado, antes de cobri-lo com um lençol, estava linda. Quanto mais a mirava, mais bela me parecia.Sentou-se ao meu lado e demos conta do jantar gastando piadas e conversando. Era alegre, simpática; mas algumas vezes um mau pensamento sombreava seu belo rosto.Decidimos que esse mesmo dia, trariamos suas coisas do apartamento da sua amiga e se quedariam definitivamente em minha casa; sua casa, desde agora. Em quanto terminávamos de desayunar nos vestimos e fomos ver a sua amiga.O quarto estava perto do meu. Entramos com a chave que tinha Marta. O quarto era similar ao que eu ocupava. Ao ouvir a porta, uma voz feminina chamou Marta desde o quarto de dormir no fundo do corredor.Martha! Você é você?Sim, sou eu Marina! Vou buscar minhas coisas! Estou saindo!Como é que vais-te? Não havíamos combinado em... --Não terminou a frase, apresentou-se no salão onde estávamos nós e calou ao me ver. -- Quem é esse?Este é Eduardo. Vou-me ir viver com ele. Já te disse que queria deixar essa vida, por isso vim para Sevilha. Edu me ajudará.Marinara uma mulher de uma beleza impressionante, acrecentada por um estado avançado de gravidez que a fazia ainda mais linda. Casi tão alta como eu, morena de olhos grandes e rasgados e uma boca de lábios carnudos e sensuais. Estava desnuda e não parecia importar-lhe que eu a visse assim.
Marta entrou em um dos quartos.
Saia daqui! Solta-me! Ouvi gritar Marta e apressei para ir à procura.Numa sala, um tipo nu, segurava Marta por um braço, empurrando-a para a cama. Deu dois passos e estapei-lhe um soco na cara. Surpreendi-o e ele caiu de costas no chão.—Mas o que você faz? Por quê lhe bate? —Entrou Marina gritando.Por que não se maltrata às mulheres! Este cara é um porco! Marta, pega as suas coisas e vamos-nos! —Disse sem esconder minha ira.Marinavio minha cara de puta e calou, ajudou a levantar-se ao tipo do chão, se levantou para outro quarto e ficou falando airadamente com alguém mais. O tipo entrou novamente mantendo distância comigo, recolheu sua roupa, vestiu-se no salão e saiu do apartamento como alma que leva o diabo, com as narinas sangrentadas.Martame olhou surpreendida e sorriu. Sacou uma mala do armário, a encheu com roupa dos gavetas. No salão esperava-nos Marina com um roupão de casa que mal cobria sua nudez.É definitiva a Marta? Medeias?
Sim Marina.Marco-me mas não te deixo, continuaremos vendo-nos, mas desde logo não penso seguir com essa vida. Já te avisei, antes mesmo de conhecer Eduardo. Ainda assim penso seguir ao teu lado para ajudar-te em o que me precisares com tua... criatura.
Sairam da sala com as malas e uma caixa e vamos para nossa casa.Isso é o que eu não queria. Marina não é pessoa má, mas não quer entender que a vida que vivemos deve terminar, pelo menos para mim… E graças a ti Edu... Já o viste, eu tinha preparado um cliente; ontem estava muito bêbado e dormi na minha cama esperando por ele, enquanto ela atendia ao outro no quarto.Martahabia quebrado com o seu passado e uma nova vida nos esperava.
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