Fases de um insucesso noturno

Verão do 98, São Bernardo, bilheteiro, éramos muito pequenos e meus amigos me diziam…: 'Ari, essa cutie te olha muito'. A música estava muito alta, a noite explodia, tocava 'Rodrigo' e ela me olhava. Eu tinha todas as chances de perder, tímido, pouca experiência em beijos, um cabelo tipo butthead, acne, uma camiseta super quadrada, calças turquesa e chute FILA brancas dasquelas que seu pai usa quando tem que fazer algum trabalho de alvenaria ou quando tem que cortar o gramado. Desde já, esses chute eram 2 ou 3 números maiores do que a medida do meu pé. Eu era muito magro (agora também sou), então ficava muito 'patón'. Comprava as chute grandes porque procurava comodidade, e nunca me dei conta de que me quedavam como Bob Patiño. Ela me olhava, eu a olhava. Juro que a via e sentia que não podia perder a oportunidade. Eu sabia que essa cutie iria ser minha namorada no futuro. Muitas vezes passei em coletivos ou outros lugares e vi uma cutie linda, e não me animava a encará-la. Mas com ela era diferente…Lucia... se chamava Lucia... As suas amigas me olhavam e faziam uma risada complice. Na verdade, agora caio na ficha, deviam rir das minhas chute grandes. Bueh, não importa. Lucia era linda, e o mais impactante, era sua cara angelical... Juntei muito coragem, apesar das risadas de meus amigos. . -Olá -Olá. -Como te chamas? -Lucia, você já escreveu antes no texto, por que você me perguntava? -Se supõe que você não havia lido meu texto até o momento. Além disso, quando eu estou encarando você, você não sabe que tenho uma conta em poringa, e além disso, nessa etapa, eu não conheço poringa!. Poringa vem no futuro! -O que é Poringa? . Ok, bardié. Não foi assim a conversa. Retomamos: . -Emmm, olá… -Olá! - Como você está, como você se chama? (re timido mal) - Lucia, e você? - Eu Ariel ? . Lucia me olhava, e eu a olhava para ela... , no momento nos quedamos helados, ela esperava que eu lhe disses algo, mas a mim não caía uma ideia, um '. puto encare, uma puta frase. De repente, quando estava para falar, ouviu-se o tema estou saindo com um chaboooon dos Sultanes. Esse tema nesse ano era furor, havia saído recentemente e ela pulou de alegria, abraçou suas amigas e dançavam todas juntas como se fosse o último dia em Bariloche onde todas se desmanchavam. Eu fiquei rendendo mal, mas dissimulei e fui saltando como se nada estivesse acontecendo para o lado onde estavam meus amigos que estavam dançando como rugbiers loucos ao tema dos Sultanes. Eu fazia como se não estivesse passando nada, como se tudo estivesse bem, até que no melhor do tema, algo acontece que muitos que veranearam na costa há vivido. Uma tormenta da puta sem luz elétrica a toda a costa. A música se apaga, a gente grita, as luzes de emergência se acendem e eu, como um boludo, sentindo que a luz havia me ido faz tempo. Inevitável o aproximar-se do meu amigo o langa para dar conselhos de cuties e de encare... - O que aconteceu Ari? - Nada, perguntamos os nomes e eu me esqueci das palavras. - Mirá, a mim também isso me passou, mas eu após muita prática é como se aprendi. - Ah si? - Si, mirá, quando você tiver a cutie em frente, não pode deixar espaços de silêncio, senão, a cutie se sentir incómoda, se aborrece e vai. Você tem que divertir-la o tempo todo, levá-la a dançar... - Mas eu não sei dançar (interrupo) - Bom, então você terá que jogar de amoroso, de romântico - E o que eu digo? - O que lhe saia naquele momento, diga coisas bonitas, elas querem ouvir coisas bonitas e românticas. - Posso perguntar se gostam do Minimal Tecno? - Dale tarado, diga coisas bonitas, como seus dentes são belos pérolas, ou seu cabelo é tão suave como o sol ao amanhecer. - Bom, dale. A luz estava cortada, Lucia continuava olhando e cuchicheava com suas amigas. Juntei valor, olhei para o langa e me fazia ojitos como se estivesse dizendo... dale titã, matala. Não sei de onde me saíram os huevos, mas a fui... encarar. -Hola Lucia -Hola Ariel, qué pasó? . Cuidado, aquí viene un momento delicado. . -Quería decirte algo.. -Dale, dime. . Aqui ela estava SUPER atenta ao que eu lhe ia dizer, sua cara angelical me estava fazendo sentir uma pessoa amorosa e doce.. . -Jamás vi uma mulher com tanta cara de anjo. Cara de boa, de santa. . Ela sorriu timidamente, gostou do que lhe disse. Eu estava ansioso para esperar sua resposta que se fez chegar rapidamente: . - Não acredites!, sou muito puta. Muito mais do que você pode imaginar. . Aqui vem o momento onde você, agora um cock bárbaro, vai se jogar em cima, enfiá-la com seus amigos e pincá-la para deixá-la prenha. Mas nesse momento, eu era a frase que menos esperava. . Olhei para ele que os olhos lhe saíam para indicar que precisava comer a boca ali mesmo. Até vi que um colmillo saía da sua boca. Ela me mirava desesperada como uma linyera mirando uma vinoteca, e eu...... fiquei congelado. . E o que você quer?, sabes o que era que nesse momento uma cutie que não conheces e que tem uma cara de anjo te diga que é puta?. Imagine que eu vinha concentrado em ser o namorado perfeito e a cutie me saltou com isso... . Por suposto, não se bancou 2 vezes e disse... “Bom Ariel..., preciso ir, foi um prazer conhecê-la”. . Beijo no rabo e pronto. . Por suposto o langa me repreendeu de cima para baixo e contou tudo o que ele teria feito. . Esta história vem como introdução dos fracassos que os homens somos nos boliches ou em uma noite onde há: mulheres lindas, álcool, e estivemos bons. . Etapa nro 1 de fracasso nocturo : A convidação. . Como medida inicial, o homem começa a tirotear por SMS para todas suas listas de contatos com mensagens desse tipo: . “hola bombón, o que fazemos hoje?, há uma RE festa em Claypole , venha?, avise as suas amigas” . Depende da calentura do tipo (e de Que bem que tenha que ficar nessa festa), precisará de mais concorrência de staff feminino, então, adicione palavras-chave no mensagem de texto como por exemplo: álcool gratuito, carro, entrada gratuita, rugbiers, se re pone. Se o tipo estiver muito quente, finalmente terminaria enviando um mensagem assim: Bombom, como vais!, esta noite ÁLCOOL GRATUITO, vou buscar você com o carro?, avise suas amigas que as faço passar pois tenho ENTRADAS GRATITAS. Vêm Rugbiers, venham-se que se RE PONE. Por suposto, uma festa que esteja tão cheia dessa maneira como GROSA, terminará sendo um fracasso, porque o que VA espera encontrar-se com uma Creamfields e se encontra com 20 boludos esperando que uma cutie cruze a porta do boliche para atacá-la como puta ao whiskas. As cuties nem te respondem. De última quando as vês em pessoa e lhes dizes não me respondiste o mensagem! elas vão dizer isso: 1. A que telefone enviaste?, mira que eu mudei, eh!…. ah, sim, o nro está bem, que estranho que não me chegou! 2. Estava no metrô e não tenho cobertura. 3. Tinha no vibrador na carteira, não o ouvi!, e quando o vi eram as 2h e não queria te joder. 4. Minha velha não me deixou sair porque não cortei a libustrina. Então, que fazes?, cancelas a festa e vais dançar com seus amigos. Etapa Nro 2: A entrada no boliche. Os meninos são 8. Desesperados por tirar fotos de botas entaladas com seus novos celulares Motorola com flash. Acá se dividem 2 classes: 1. Os que vão os 8 em bondi. 2. 4 em táxi e outros 4 em táxi. Caem no boliche, perfumaditos, lindos, com seus penteados floggersquenolesale, entram como se fossem os donos do boliche. Então sempre há um que diz... esperem-me um segundo que eu sou AMIGO DE UM DOS PROPRIETÁRIOS desse boliche e entramos ao toque. Que os GILES façam a Booty. Os 7 amigos se quedam esperando na porta, enquanto Martín vai falar com proprietários, que teóricamente Dice que é seu amigo. Um dos 7 amigos diz... “Eu e se vamos fazendo a Booty enquanto?” . - Não seas boludo, esperemos a Martin, olha o que é a Booty, da toda volta à esquina! - Se tiver razão. . Martin apresenta-se na porta e os patovicas não o deixam passar. Estava ficando muito mal diante de seus amigos, mas ele continuou convencido de que seu amigo de públicas, ex-tarjetero do Pueblo Límite em Gesell, iria fazer passar. Saca seu celular, desesperado, e começa a ligar. Mas ninguém sai. Finalmente, Agustin, o que disse que fazia a Booty, tinha razão. Havia que fazer. Martin ficou como um pelotudo, e se tivessem feito a Booty teriam entrado muito antes. . Etapa nro 3: A barra . Martin tenta se aproximar da barra, mas está cheio de dudes e gals que morrem para comprar um speed com vodka ou um Fernet. Pede muito forte, assim lhe pega rápido e pode desinibir-se. Na barra, os preços e a CALIDADE do Fernet são recontrados, é claro que a garrafa diz que é um FERNET BRANCA, mas eles acabam mandando um FERNET EL ABUELO, ou algum desses que não me animo a nomear para que não me façam juízo (esse que tem o nome do cantor) . Etapa Nro 4: Não tome se não sabes tomar . Martin está muito bêbado e se está tornando já bastante denso. Começa a encarar qualquer cutie que se cruze sem importar se ela tem namorado ou se a cutie é feia, total, para ele “em pedo vale tudo”. . Etapa Nro 5: O encare . Martin acha que é o dono do boliche, o rei da noite, o Bambino Veira. Se cruza com cuties que se querem livrar dele, mas ele, em seu pedo líquido mental, acha que TODAS são histéricas. Em um momento encontra-se com uma cutie “copada”, isto é, uma cutie que para não ser forra, segue a corrente apenas porque é copada. - Holammmorocha - Olá! - Sou Martin, vamos beber algo - Eu me chamo Estefy. Você está muito bêbado, Martin!, não devias beber mais - Dameunbesoooooo - O que?, não dale, ponha-se as pilhas, vamos falar! - Sou Martinnndame um beijoestou re chupado que boas gomasquerteiness dame um beijo te amooooo - Tomatela de acá pesado . Martin se da volta e …. Etapa nro 6: A culpa é da histérica . Se da volta e grita: “Prostituta”, ou pior… “Gorda”. . Ele não consegue entender que as meninas lhe digam que NÃO. Ele sempre acreditará que a culpa é da mina que é super histérica . Etapa nro 7: A culpa é do boliche . Em pedo, se cruzará com seus amigos e discutirá que no boliche “não se come bem” e que havia que ter ido ao boliche de Flores que ali sempre comia . Etapa nro 8: O descontrole . Martin não da mais. Começa a vomitar no banheiro, as pessoas o olham e se afastam porque já DA ASCO . A Martin não importa mais nada, porque também não entende nada . Começa a boquear, a corear cantos de futebol ou de bairro enquanto toca música, começa a abraçar as cuties até encontrar uma que tem um namorado muito ciumento . Etapa nro 9: Os golpes . O tipo pede a Martin que pare, mas a Martin ninguém o freia porque tomou esse FERNET truchísimo que o pôs do ass. Além disso, ele é de Boedo, e ninguém se mete com o bairro, com a velha ou com ele . Martin começa a se cagar a trompadas e o sacam do boliche. Por suposto, ligou como um condenado, mas sempre dirá que o destroçou . Etapa nro 10: A longa espera . Martin fica com seus amigos na porta do boliche ameaçando os patovas e xingando para que saia o “cagão” que lhe pegou dentro . Se ouvem frases como: “Sai se tens bolas cagão”, ou “Putos, a ver se se bancam um mano a mano aqui na rua” . Etapa nro 11: Silêncio absoluto . Os amigos querem comer-no crudo, porque estavam passando bem mas Martin arruinou tudo . Etapa nro 12: O táxi . Nenhum táxi o freia, está muito bêbado embora…. Sempre há um taxista com alma caridosa e decide levantá-lo . Por suposto, há um 98% de que Martin vomite no tapizado ou Que fume em carro com 30 cartazes que dizem proibido fumar.

Etapa nro 13: Home Sweet Home.

Martin chega à sua casa acompanhado por seus amigos. Eles o recostam e dizem à mãe que nada aconteceu, ele comeu um panchito antes de entrar no boliche e lhe caiu mal.

Etapa nro 14: Mamá não é pelotuda.

Mamá sabe que você tomou a vida e quebrou, e que um panchito pode lhe cair mal, mas não o deixa inconsciente. Aguenta então o que vem amanhã!

Palavras-chave de mamá quando despertes: Vago - Ordena seu quarto - Inútil - Seu pai tem razão.

Etapa nro 15: A descarga

Martin se levanta no outro dia, conecta-se ao MSN e duas amigas lhe dizem: Como que foi você para dançar?, boludo me terias dito, eu não tinha com quem sair!, se me dissesse ia com você!. Martin puteia no ar, grita e quando ninguém o vê, chora.

Etapa nro 16: Autocontrole

Martin vai ao banheiro, se concentra, coloca o rolo de papel higiênico na cocke e começa a pegá-lo simulando que é uma das meninas com as quais teve ontem. Acaba e se sente realizado.

Etapa nro 17: Justificação 2.0

No MSN, fala para seus amigos e pede por favor que lhes contem o que aconteceu porque o Não lembra de nada. Isso, desde já, é uma vil mentira para safar de todos os papelões que fez.

Claro, estimados lectores, gente como Martin foi todos em algum momento, e lamentavelmente, não sei se por sociedade, educação ou o que for, cada dia há mais em todos os lados. TOOODOS OS FINES DE SEMANA.

Espero que tenham desfrutado desta breve reseña de fracassos bolicheros. Um grande carinho.