Nós todos somos masturbandos

Aqui em outro lugar eu ia postar isso se não fosse Poringa! Bom, espero que alguém se dê o tempo para ler. Sabemos que aqui todo mundo vem fazer masturabation e não ler, mas me arrisco a pensar que um par de vocês (entre os milhões que entram) vão chegar até o final. Me diverti muito escrever isso e tive uma resposta incrível dos leitores.Masturadores Vou tirar da curita sem nenhuma intenção de fazer o bem. O correto me tem podrido e é hora de falar de coisas importantes.O DescobrimentoQuando eu estava no quinto grau (ou sexto) (teria 10 anos, talvez 11) ouvi falar sobre masturbação pela primeira vez. Estávamos em um dos recreios. Todos os meninos corriam pelo pátio, vestidos de guarda-pólo branco. Em uma roda de vários meninos, Luciano Rivilli alardeava sobre a masturbação. Creio que ele disse: Você precisa agarrar assim e fazer assim. Não há necessidade de explicar a mímica das suas mãos. Naquela época eu não entendia nada e continuei sem entender durante um longo tempo. Nós nos confessamos mutuamente que, se isso era masturabation, nunca havíamos feito e que, portanto, nenhum dos dois havia ainda explodido. Desde aquele dia, nos dispomos a conhecer a masturabation, fazerla todas as vezes que fosse necessário até explodir. Curso então mentia. Quando chegava em casa eu sentava no vaso sanitário e dava uma boa gozada. Jurava por todos os deuses que se eu chegasse a sair com apenas três gotas de sêmen, ia me deixar de fazer masturbação. Estava preocupado, claro. Isso não era algo que pudesse conversar com alguém. A ideia da culpa cristã foi se infiltrando lentamente em meu corpo. Os padres nos faziam sentir culpados por tudo. Era obrigatório confessar-se, pelo menos uma vez ao mês. Então íamos todos os caras e contávamos aos velhos de sotanas a quantidade de vezes que vomitávamos, que roubávamos dinheiro, que xingávamos em voz alta, que faltávamos respeito aos pais e também a quantidade de vezes que nos fazíamos masturbação. Obviamente isso não era algo que contássemos porque sim. Não, era muito mais penoso. Quando terminava de contar seus pecados, os velhos me olhavam e perguntavam com voz suave: E como você está se saindo com as masturbações? Lembre-se de que masturbar-se é pecado. E eu: Bem, sim, a semana passada fiz uma vez (mentira, velho safado, eu me fazia masturbação todos os dias). Depois me davam um sermão sobre como era ruim dar prazer aos 12 anos. Me mandavam rezar uma dúzia de pai-nosso e outra coisa qualquer. O problema é que eu era um menino assustadinho, permeável a todas as coisas que esses velhos pedófilos me diziam, então me sentia mal, me angustiava por tudo, até mesmo pela masturbação. Foto da revista Gente. E se isso não alcançava, bem, você precisava ver uma mulher nu em bolas, de qualquer forma. Juanca guardava uns calendários de cuties em bolas num saco de nylon, com dois elásticos, no teto, atrás do tanque, tapado com um pedaço de ladrilho. A monada se organizava para subir a buscar uma bola que caiu no teto, ma, e passávamos os calendários de, por exemplo, Gomería Claudio ou Taller Mecánico Sánchez. Nesses quadrados de cartão rasgado podia ver um seio, um pouco de cabelo e qual dia eu comemorei meu aniversário no ano 89 ou no 93. Era abuso. Mas uma vez que provaste a miel querés mais... e fomos por mais. Com Chucho, Juanca e o Gordo, armamos uma coleção de revistas importantes. Como ainda éramos guys as guardávamos em uma choça. Tínhamos doze ou treze anos e mandávamos ao Juanca comprar porque era o mais alto dos três (?). Juntávamos a dinheiro, sentávamo-nos na calçada da frente e observávamos a situação. Geralmente havia um coeficiente de rebote alto, mas a um de cada cinco canilhas não lhe importava uma merda a legalidade, nos via a pinta e nos vendia a revista, não sem antes encaixar algo mais: um jornal, uma revista de automobilismo ou uma história do Pato Donald. A biblioteca se perdeu após o incêndio. Uns vagabundos de outro bairro nos queimaram a choça do árvore e quando vieram os bombeiros se levaram toda nossa bibliografia.Consolidação e novos horizontesHá uma idade em que o sexo oposto se faz presente. Digamos que desde os 14 anos em diante muitos consideram seriamente a possibilidade de beijar uma cutie, meter-lhe a mão debaixo da roupa e até culiar. Mas aqui estamos falando de masturbação e não de sexo, e eu aos 14 anos estava (ainda) mais perto dos Playmóbil escondidos que de tocar o braço de uma garota. Aqueles eram anos de menemismo, de fortes mudanças na vida, na sociedade, em todos os lados. Antes passávamos o dia todo inteiro brincando na rua. Não havia nada na televisão por ar. Os mesmos três canais de sempre e com televisores que andavam mal. Mas, como eu disse, tudo estava mudando, e um bom dia chegou a televisão por cabo e outro fantástico dia chegou Vênus. Malas notas. Eu sim entendia: não tinha nem um grama de vontade para nada. Só me interessava o futebol. E o futebol desembarcou em casa com todas as alegrias.Um novo brilho nas telasParecia que após Vênus não havia mais nada, que era o teto, mas não. Os noventa se morriam e um dia qualquer olhei para cima e vi o céu. Havia algo mais e se chamava internet. Cartel oferecendo-te por apenas U$$9,99 o último vídeo de uma loira que nem em meus sonhos eu iria culiá-la. Pediam os números da cartão de crédito e prometiam discrição. Uma vez, só uma vez, encontrei-me olhando os números do cartão de meu velho. Levantei a cabeça e olhei a tela (a loira ou a morena, era a mesma coisa), baixei a cabeça e olhei o cartão, tela, cartão, tela, cartão, teta, cartão, cu, cartão, loira e morena juntas, cartão. Era demasiado arriscado. Mesmo assim, calculei que parou e terminei fazendo uma masturbação. Venen. Mas não teve tanta transcendência como o primeiro (alguns dizem que foi porque Michaels não a tinha tão grande). Palavras mais, palavras menos (Os Rodríguez), a internet abriu um campo ilimitado para a pornografia, que é o mesmo que dizer, que abriu um horizonte interminável para a masturbação. Depois vieram tempos melhores porque os usuários se deram conta de como funcionava a coisa, então se arremangaram e se puseram mãos à obra. Não só as empresas podiam ter páginas, agora qualquer pessoa podia gerar um espaço. Assim como nasceu o Hotmail como opção de correio electrónico (lembramos que nas primeiras épocas havia que pagar o serviço de mail), então veio o YouTube, os primeiros portais de chat, os buscadores como o Google, os blogs, os fotolog, o Messenger, Taringa, Facebook, Twitter e mil giladas mais que ainda não entendo bem em que caralho consistem; e no meio de toda essa revolução nasceram infinitas páginas pornos, feitas por guasitos comuns, correntes e pajeros, como você, como eu e como quase todos. Poringa é um site, um fórum, um portal, uma página derivada da Taringa. Assim como o You Tube teve que desviar os vídeos não aptos para sua página paralela (You Porn), em T! aconteceu o mesmo. Por não poder controlar afluente de vídeos não aptos, os guasos decidiram criar Poringa, um espaço onde todos os dias milhões de guasos e cuties (sim, também há cuties) intercambiam vídeos, fotos, links, textos (sim, também há textos), conhecimento (sim, também há conhecimento), experiências e opiniões sobre o sexo. A masturbação já não é a mesma. Desde aqueles tempos remotos, sentado em um inodoro, explorando ao máximo a imaginação para poder ver, fechando os olhos, uma teta, um papo, até hoje, que com um clique e dez minutos ao pedo e sozinho, você tem tudo, tudo. A cara má da moeda é o já descrito: a anulação da imaginação. Já não faz falta ubicar em sua cabeça uma imagem, agora a imagem faz por você, e isso, creio, não está tão . Bom. Este mundo avança, as tecnologias também e a masturbação se adapta aos novos desafios.