Mariacha #4 "Mi tía y yo"

Minha mão esquerda, repousava em sua suave e perfeitamente moldada cintura. Minha mão direita, permanecia erguida e entrelaçada fortemente com seus dedos delicados. Como se tratasse de dois amantes, nossos olhos eram cúmplices, permaneciam fixos, se presenciavam em simultâneo, sem olhar para ninguém mais. Sem querer olhar para ninguém mais. Nossos pés, que desenhavam amor ao som de uma canção, por fim pararam e nossos olhos se separaram para deixarmo-nos cometer um propósito final. Desaparecer. Nesse momento, não me importava o que minha família pensaria, meus pés, não paravam, moviam-se ao compasso com os de minha tia, e o que nos unia era a conexão com nossas mãos, que se mantinham firmemente entrelaçadas, mas essa vez do lado oposto àquela em que havíamos dançado. Assim foi até chegar ao andar 5, onde o interior era escuro e seu balcão deixava ver o infinito das estrelas. Ninguém poderia nos interromper ali, ninguém me chamaria pelo nome nem pelo dela ali, ninguém a quem o que cometemos nesse momento os dois sozinhos pareceria aberrante, procuraria ali. Ninguém nos molestaria. E com essa segurança de não ser surpreendidos, nos beijamos. Seus lábios eram paixão, seus líquidos elixir de vida e a suavidade com que lutavam nossas línguas, nos mantinha alheio ao que poderia ocorrer nesse momento em nossas vidas. Havíamos cometido infidelidade! Eu não estava comprometido romanticamente com ninguém, mas o peso da culpa que ela carregava, decidi carregá-la com ela. Pois desde logo ela foi infiel a meu tio comigo e agir indiferente como se nada tivesse acontecido, não é o meu estilo. Decidi culpar-me também a mim, porque queria tudo com ela, queria ter uma esposa, filhos, uma família, com ela. E como minhas culpas as esqueceu de repente, estava pronto para fazer com que ela esquecesse comigo súbitamente. E assim foi... continuará.