O mais difícil não é o primeiro beijo, mas o último.

Córdoba, 2h25 da manhã, o insônia governa minha psiquis, como um ditador caprichoso, desde a janela, começo a ouvir uma incipiente chuvisco, a qual faz que eu a contemple por alguns segundos, vejo como as gotas desfazem as luzes da rua, e percebo um aroma entre terra molhada e pasto recém-cortado, sobre a rua, entre os charcos e as luzes, surgem imagens surrealistas, que segundo André Breton, é converter as contradições dos sonhos e a realidade em uma realidade absoluta, uma superrealidade, estou pensando que este insônia é, uma fuga da minha realidade, na qual você está tão perto, e ao mesmo tempo tão longe, lembro-me de uma vez que liO mais difícil nunca é o primeiro beijo, sim o último.Passaram dois dias desde o início do outono, época que particularmente me traz lembranças, aos primeiros frios antes de que chegue o inverno, a esse sutil mudança na luz do pôr-do-sol, os árvoles que já estão mudando o tom das folhas, junto ao insônico me agarra a ansiedade, do tempo que falta para o sábado, dia que voltamos com a banda de rock para tocar num bar, está tudo preparado, ensaiado, as letras, as canções, tudo pronto para sair, tudo tão preparado que me invade uma profunda dúvida, virás essa noite, te verei entre a gente, senterei essa ambiguidade quando me olhas, de alegria e tristeza, alegria por poder ver-te e tristeza por não ter-teAinda tenho impregnado o seu perfume, do nosso último encontro, levo recordações vividas dos seus gemidos sufocados na madrugada, dentro do meu carro, os vidros empançados, os beijos desenfreados, você acima de mim, desenfreados, lembro das promessas incumplidas que nos dissemos e também me faço cargo das minhas mentiras, sei que fui o responsável por muitas das suas tristezas, ainda hoje me percorre o pânico quando te vi baixar a visera do meu carro e cair aquela bolsa negra, sua cara de ódio e me olhando perguntaste: 'Não era isso que essa merda não consumías mais? Não fez falta resposta alguma, descei furiosa e dolida, dando um portão e sem me deixar falar. Esse foi o nosso último beijo

Em minha rádio toca uma de Calamaro, “...Não me digas a verdade, não me mientas Já me dei conta que não é o que era De isso se da conta qualquer Antes ou depois das rosas Ves através das coisas……”.Clonazepame circoSe chama a canção.Por aqui alguns artistas não têm toda a razão, por causa de dúvidas, não vamos tocá-la no sábado, por causa de dúvidas venha, por causa de dúvidas se encontre… continuará

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