Hotel Limbo / Tercera parte

Atingi a cobrir-me com as mãos a excitação evidente de meus calções. Só nos olhávamos com JungKook.

-Vou para meu quarto-, disse, não muito convencido. Ele assentiu apenas com a cabeça porque quando tentou falar, só saiu um som ronco.

Entrei no meu quarto e fechei a porta. Me deitei na cama e apesar da roupa desportiva ser holgada, a pressão me fazia sentir que devia tirá-la. Desatei o cordão e notei que parte da umidade havia transposto minha roupa interior. Bajei uma das minhas mãos, até sentir que o tinha agarrado firme, e comecei a subir e baixar lentamente. Fechei os olhos e me deixei levar. Podia escutar meus latidos e minha respiração acelerada. Também minha mão que se ia humedecendo à medida que aumentava a velocidade. Comecei a escutar, ao mesmo tempo, outros jadós, os de Kookie. Ainda que a distância entre nossas habitacions fosse grande, o escutava. Ambos terminamos e a suite ficou em silêncio. Me invadiu uma mistura estranha de pudor, arrependimento e solidão. Decidi dormir-me à força e esperar que amanhã tudo voltasse à normalidade.

Um golpe tímido sobre a porta me despertou. Respondi desde dentro e a porta se abriu suavemente para revelar o rosto de JungKook. Me trazia o desjejum para a cama porque não queria que esfriassem. Me havia surpreendido de muitas formas ao mesmo tempo. O convidado a entrar e sentou-se nos pés da cama, enquanto tomava sua xícara de chá. Desajávamos sem dizer uma palavra. Até que rompeu o silêncio desculpando-se:

-Não devia ter-te retenido ontem durante a chamada de Abraxas... Nem ter-te pedido a foto.

Estava realmente arrependido e eu o entendia, então lhe disse enquanto me desculpava:

-Kookie, faz tempo que estamos solteiros, nossas relações sempre se veem truncadas pela fama. É lógico que tenhamos um momento de excitação e mais com o relato daquela garota e este isolamento. Somos amigos e podemos nos entender.

Sorriu satisfeito com minha resposta e se levantou para levar os restos do desjejum para carrito. Enquanto me punha de pé também, disse-me rindo antes de abandonar meu quarto: -E muda as sábanas, que fedem! Pus-me vermelho e empreendi a limpeza. Retirei as sábanas e coloquei-as numa bolsa que nos haviam deixado para respeitar o protocolo. Como ninguém entrava nas nossas suites mais que nós, a higiene dependia exclusivamente de ambos. Encontramo-nos no recepcionista, ambos tirando as bolsas com as sábanas. Não podíamos evitar rir para romper a vergonha. Quando estávamos por tirar os carrinhos do café da manhã e jantar que havíamos deixado intacto de ontem, lembrei-me da carta. Devíamos responder ou apenas fora outro aproximação de Abraxas? Não estávamos seguros, então decidimos responder. Tentando que chegasse ao destino, a deixaria na mesma hora que chega a janta no recepcionista. Durante o almoço estávamos falando com o resto dos caras. NamJoon havia decidido ficar no desjejumador da suite que compartiam Jin e Jimin, no segundo andar. Joongi e Hoseok compartiam a suite do terceiro andar debaixo da varanda. Nós éramos os que mais perto da planta baixa estávamos, então escutávamos um pouco mais de movimento na zona do elevador. Ainda restavam vários dias para que nos pudiéssemos reunir para ensaiar todos juntos e compartilhar ao menos uma comida. Até então alguma partida online de Overwatch ou uma videollamada seria tudo o que permitiria. Obviamente não lhes contamos nada sobre todo o que havia ocorrido porque senão Kookie se delataria do seu escape na praia. Por isso guardávamos o segredo sempre que fosse possível. Chegou a noite e já tínhamos escrito a carta. A deixamos no recepcionista e esperamos até que chegasse a mesma garota loira do serviço. Assim foi e ao deixar o carrinho com a janta junto à nossa porta deu meia-volta e se dirigiu para o elevador. Com JungKook espíabamos pela mira, boche com boche, completamente desiludidos. Antes de entrar no elevador, num rápido movimento... Chegou até a carta que descansava no chão e se foi. Ambos sorrimos triunfantes.

A porta do elevador se fechou, e com ela nossa carta desapareceu.

Nela havia apenas duas frases: Sabe quem você é. Não sabe o que quer. Decidimos escrevê-la na primeira pessoa para que pensasse que sabíamos a quem estava dirigida. Se era Abraxas quem havia escrito, a carta era obviamente para Gguk. Também decidimos esclarecer que sabíamos que a garota loira do serviço havia tomado a carta, fosse ou não ela a que mandava um recado para meu amigo. E por último, demos lugar a ele contar suas intenções; se era Abraxas, seria parte de seu jogo erótico.

Nos dormimos após ver uma película, sabendo que não teríamos resposta até a noite seguinte, quando fosse o turno da garota loira.

Tentamos aproveitar a manhã e relaxar para não pensar em Abraxas ou na carta. Assim foi que nos dirigimos à sala de estudo que tínhamos na suite. JungKook tentava compor uma nova canção. Tinha algo da letra mas precisava de ideias para a melodia. Sentamo-nos ambos no piano e enquanto ele tocava alguns acordes e cantava, eu o acompanhava com os coros, tentando encontrar novas linhas melodicas. A letra falava sobre o desejo de ser livre, de abrir em plenitude as alas e deixar o espírito fluir, mas se autoflagelava suas divinas alas para ser como o resto. Lhe faltava o final mas me disse que ainda não havia decidido. Talvez o anjo mutilado se lamentaria toda a eternidade ou despertaria para descobrir que foi um sonho. Eu tentava relacionar os fatos recentes com a canção: talvez JungKook queria sair e viver sua juventude como o resto, mas ao fazer isso teria de cortar as alas da fama... ou talvez fosse o contrário, BTS e ser reconhecido significavam cortar as alas de sua vida social.

Chasqueou os dedos e saí do meu trance. Nos reímos e decidimos dar uma repassada mais ao tema antes de ir jogar novamente Overwatch com o resto da banda. Intentávamos coordinar para passar um tempo divertido os sete. Perto das 16hs Jin, Jimin e Joonie nos avisaram que iriam à varanda, então decidimos deixar os videogames de lado por um tempo e tomar um chá tranquilo enquanto escutávamos algo de música. Saber que nossos amigos estavam a poucos metros nossos e não podíamos vê-los era frustrante. Terminamos por enviar um mensagem para nossa secretária para reservar a varanda. Jeong-Yang respondeu imediatamente e nos disse que poderíamos usarla recém às 20hs. Se íbamos à varanda naquela hora, não veríamos se a garota loira nos deixava a carta ao entregar o jantar. Agradecemos a Yang, mas lhe dissemos que a utilizariíamos outro dia, sem dar mais motivos.

Esperamos até a hora do jantar, quando ouvimos o elevador. Nos pegamos boca com boca para vê-la se aproximando e deixar o carrinho de comida. Parecia que iria sem mais quando olhou por sobre seu ombro para ambos os lados e tirou uma carta do seu casaco cinza. Nos movemos levemente para que nossos pés não interrompam a entrada da carta por debaixo da porta. A tomei rapidamente e a abri com o maior cuidado, mas estive quase certo de que se ouviu o papel rasgando-se. Dentro havia apenas novamente três palavras: Quiero jugar contigo.

Miramos novamente pela mirilla e a vimos segurando seu celular. Nesse preciso instante vibrou o telefone móvel de JungKook no seu bolso. Abriu os dois mensagens que recebera e me mostrou-os:

Hotel Limbo / Tercera parteEm um movimento sincronizado, ambos olhamos pela porta apenas para ver como desaparecia a luz do elevador. Saindo impulsivamente para o recepcionista. Não podia determinar quem de nós dois foi que abriu a porta e qual chamou o elevador, mas claramente não estávamos pensando com clareza. Para não cruzarmos com ninguém, descemos até o subsolo. As escadas teriam sido uma melhor opção, mas já estávamos descendo no único elevador habilitado. Os outros dois estavam fora de serviço para limitar as zonas comuns. Em vez disso, as escadas estavam habilitadas em caso de incêndio ou outro sinistro.

A porta se abriu e o subsolo estava nas penumbras. Escutava-se o ruído distante das máquinas da lavanderia e o calor era quase intolerável. A sala em que estávamos tinha três portas. Duas delas estavam fechadas e tinham cartazes que indicavam Lavanderia e Calefção central. A porta restante dava para um corredor que apenas estava iluminado pela luz que escapava por debaixo das portas. Eram as salas de serviço e onde seguramente descansavam a segurança que nos asignava a discográfica e nossa secretária.

De repente, uma das portas se abriu.

Saiamos da paralisia e abrimos a porta que tínhamos mais próxima. Resultou ser o quarto de calefção e, embora não houvesse ninguém lá, o calor fazia que parecesse o mesmo inferno. Com JungKook nos escondemos esperando escutar um ruído que nos indicasse que podíamos tomar novamente o elevador ou utilizar as escadas pelo menos. A sala não era mais que um conjunto de canos e o que parecia ser um ar condicionado enorme. O calor que nos sufocava era apenas do motor ligado. Não suportaríamos muito tempo ali.

Gguk estava com seu telefone na mão, escondido atrás de tuberias ao meu lado. Dirigiu a tela do celular para mim e declarou: Ela controla a situação.BTSConfirmé o que meu amigo estava dizendo. Abraxas falava com ele quando queria, deixava que respondesse e então bloqueava para demonstrar o domínio. Talvez havia feito isso sempre, mas essa era a primeira vez que demorávamos em responder e por isso nos demos conta. Perguntei a JungKook se lembrava agora que tinha uma foto dela. Ele disse que quando viu a foto lembrou seus brackets, que lhe pareceram muito ternos, e também seu escote; este último disse com uma mistura de pudor e luxúria, que delatavam suas mejillas coradas. Pressionou sua mão contra a entreperna, cobrindo uma evidente excitação. Retomou o relato, dizendo que ainda assim não podia lembrar seu rosto, e que essa noite utilizava uma peruca igual à dele. Perguntei se saber que ela tinha o domínio da situação, escolhendo em quais momentos enviar mensagens, sabendo nossos movimentos e até mesmo conseguiu seu número de nada, o assustava ou o excitava. Tragou saliva e retirou sua mão da entreperna para revelar uma ereção que se marcava em seu calção, e a señalou. Olhei para os seus olhos e disse: Eu também. E para confirmá-lo agarrei minha ereção.

Kookie aproximou-se de mim nesse momento e disse: Já sabia que te excitava, te escutei... ontem. Creio que isso me excitou mais e disse que eu também o havia escutado. Na verdade, havia escutado duas vezes, mas não era momento de entrar em detalhes. Confessei, no entanto, que se estávamos acima nesse momento, teria me jogado na cama e desabotoado o calção para relaxar a pressão da têxtil ajustada.

-Não me importa se fazes agora- disse indiferente, ao mesmo tempo em que desabotoava seu calção e baixava lentamente sua fechadura. Não se quitou o boxers, mas se notava que não estava mais tão aprisionado seu bulto. Eu fiz o mesmo, desabotonando o jeans e deslizando a cremallera para baixo. Ambos nos agarramos às nossas próprias ereções. É o calor aqui ou sou eu?- disse deslizando minha mão levemente para Passei meu boxer, fazendo com que a ponta molhada o molhasse. JungKook assentiu, acredito que estivesse se referindo à primeira opção enquanto olhava de reojo minha entreperna. Fazia o mesmo com seu enorme pau; deslizou sua mão através dele, fazendo com que seu boxer se molhasse. Mas então, voltou sua mão para a posição inicial e a deslizou novamente, e se molhou novamente fazendo um som muito excitante. Comecei a fazer o mesmo. Estávamos tão perto que nos tocávamos os cotovelos ao fazer esse movimento repetitivo. Tinha tanto calor interno que meus lábios secavam, então decidi passar-lhe a língua e instintivamente me mordisqueei. Girei minha cabeça e JungKook fez o mesmo ao mesmo tempo em que tomava sua enorme ereção com ambas as mãos, ainda conservada dentro de seu boxer, que já estava bem molhado.

- Não podemos parar aqui, não temos com que limpar - comentou Gguk preocupado.
- Nem sábanas se quiser... - disse eu e ambos rimos em voz baixa ante a ocorrência.

Fora não se escutava nada. Nem as máquinas da lavanderia que deviam ter terminado já com nossas sábanas secas de pegotes. Por mais excitação que tivéssemos era nosso momento para fugir. Nos abotochamos novamente os calções e nos aproximamos lentamente da porta. A abrimos a penas para tentar descifrar o silêncio. Parecia tudo em calma. A abrimos totalmente e encontramos a porta que dava para os dormitórios fechada. O serviço já dormia. Para não usar o elevador e delatar-nos, decidimos subir dois pisos pela escada, após fechar a porta do quarto de aquecimento.

Pudemos respirar tranquilos uma vez dentro do apartamento. Procedemos a nos higienizar por prevenção. Nossa excitação já se havia ido e lhe dava lugar à culpa e ao pudor. Tinha decidido ir-me dormir diretamente quando JungKook me chamou desde o desjejumador. Um mensagem emergia no seu celular que iluminava a suite que fazia instantes estava em penumbra:homossexualidade homoerotica