Mulheres gostam de compartilhar?

Laurita, minha amiga psicanalista, me contava o outro dia tomando um café:

- Assim é Anita. O feminismo veio ganhando terreno em sua luta por igualar direitos, e tão é assim que milhares de homens revalorizaram a feminidade da mulher que têm ao lado, lograram vê-la não apenas como uma companheira de vida, mas também como uma mulher sexual, deseável. O que outrora era motivo de ciúmes e ruptura, hoje muitos o lograram converter em motivo de complicidade e maior conhecimento mútuo, graças a uma comunicação de casal mais igualitária.

- Você pensa que isso foi feito sério?

- Não tenha dúvidas, minha vida. Hoje uma das fantasias sexuais mais comuns em consulta é o del cuck old. Os tipos se divertem sabendo que sua parceira se acasala com outros, alguns o gozam em casa, outros querem presenciar, mas o ponto comum é conectar-se com o desejo da mulher, vê-la desejada, vê-la mulher e tão é assim que, após, gozam muito melhor sexo de casal.

- A mim parece que ainda há muito preconceito sobre esses temas...

- Na verdade, o maior preconceito o temos nós, Anita. As mulheres somos hoje os baluartes do machismo.

- O que você se refere?

- Olhe, temos metida a história da novelita onde o tipo é o galã que está com todas e a mulher é a engañada que espera fregando pisos, que não estamos dispostas a conectar-nos com a masculinidade das nossas parceiras e deixá-las expressar-se... É toda uma contradição. Eles se tornaram mais feministas e nós mais machistas.

- Me explique melhor?

- Vou ver, bebe. Hoje muitos homens estão dispostos a admitir que desfrutam de suas mulheres desfrutarem com outras meninas, que mulheres dispõem-se a admitir que as calentam ver seus maridos penetrando outras conchitas.

- Ah, agora está muito mais claro. A mim me excita muito fantasiar com José se foder outras e quando o vejo em ação, eu gozo uma enormidade. Lembre-se daquela vez na cabana de Bariloche, quando você cavalgou toda A noite e você tirou cinco ejaculações, eu não participei, mas fiz algumas belas pajas assistindo-os?

-Bem, puta, isso de que você não participou é relativo...não participou com ele, porque entre as duas demos um belo beijo de conchas

Não pude evitar rir e ao mesmo tempo me sonroear pela situação, estávamos em um café de uma zona de executivos, pleno meio-dia, e a liberalidade da minha amiga lembrava a anedota à boca-cheia. Claro que também me molho ao recordar a cena

-E isso é algo que se vê muito na consulta, as mulheres enganadas vão desgarradas chorando, mas quando você começa a investigar, o que elas sentem é a mentira, é sentir-se pelotudas por estar preparando a ceia enquanto eles se encamam com a secretária, e elas sentem a condenação social de ser a cornuda. Mas se você logra profundizar, a ideia em si de saber que seu homem é sexualmente ativo e desejável as excita, as move, por isso muitas terminam voltando ou não vão nunca mais dessas histórias

Me deixou pensando...é verdade que ultimamente podemos ler muitas mais histórias de cornudos que se divertem de ser. Também é verdade que em pessoal, embora não goste do termo cornuda porque o relaciono com o engano, se divirto muito de que meu homem seja desejado e saiba satisfazer muitas mulheres, seja que o faça diante de mim ou vá-se com meu permiso pegar-se com alguma e então me conte em detalhes, nos acende como casal. A minha amiga também se diverte muito, quando estava em parceria compartilhou um par de vezes seu homem e gozou de ver-me gozando-o (naturalmente, fui para coger com eles dois com o permiso do meu cara).

-A mulheres também gostamos que nossos homens sejam bem ativos sexualmente e que as mulheres os desejem? Nos calienta que sejam bem ativos sexualmente e que as mulheres os desejem? No meu caso, sim, mas não sei se sou parte de uma minoria ou se somos uma maioria pouco disposta a admitir. O que vocês acham?